1/04/2006

15ª SESSÃO: A FORMIGA DAS CARREIRAS

Ao contrário da formiga, o Homem é um génio individual e um idiota colectivo.
Joël de Rosnay

O português parece, também aqui, ecléctico e universalista: é um idiota individual e colectivamente, é um génio colectiva e individualmente conquanto que com isso consiga resolver a sua vida num prazo de 10 a 20 anos- precisamente o horizonte que, desde os enjôos das navegações, se habituou a ter como limite.
E esta dança entre o perto e o meio-perto, constante e constantemente oscilante desde o 25 de Abril, levou-nos a um enjôo colectivo. Uma saturação dentro da qual preferimos não falar de um assunto para não sermos forçados ao vómito repetido.
Porque disto se trata.
Se nos lembrarmos das corridas ao ouro- onde tantas epopeias narram a emoção, e luta, ímpares na natureza humana, dos garimpeiros;
da corrida às terras nos Estados Unidos virgens, com o fim supremo de rentabilizá-las, pô-las a produzir; enfim.... há semelhanças, menos no objectivo de produzir algo.
Nós somos simplesmente ratazanas. Nem de esgotos precisámos, pois até esses nos foram oferecidos de bandeja. Sem esforço, sem honra, sem glória.
Talvez fosse esse o grande desígnio das governações PS, sempre com o apoio subterrâneo do PSD e sempre, sempre! Com o apoio do PCP e de todos os sindicatos no que a isto diz respeito. Sem excepção.
Já se apontou que o Estado português paga por ano cerca de 280 MILHÕES DE CONTOS EM SALÁRIOS MAL CALIBRADOS. Apontadas foram como exemplo os “engenheiros” saídos dos Institutos Industriais; os professores de ginástica, educação visual e trabalhos manuais que, sob o argumento de que também ensinavam, passaram automaticamente a ganhar como os licenciados; os auxiliares de educação nos infantários, vulgarmente conhecidos como contínuos, passaram para a carreira de educadores, ganhando como bacharéis e licenciados, porque ... também tomavam conta das crianças. E agora, em plena crise socrática, foram berrar para a Assembleia da República e conseguiram que todo o seu tempo de trabalho contasse como de licenciados para a sua carreira...
Infelizmente haveria mais. Muito mais.
Assistentes Sociais
Fosse qual fosse a sua escolaridade, passaram a licenciados. Dizem que para “licenciar” uma Elevada Dama com esse curso. Falta provar. Certo é que, com a equivalência de grau e com o tempo de serviço, foi vê-las a trepar por uma carreira que nem sabiam tipificar (a Carreira Técnica Superior) e chegarem num ápice aos lugares cimeiros, a Chefes de Divisão , a Directoras de Serviços...
Enfermeiros:
Aos milhares, dezenas de milhares , tal como os professores primários. Tivessem o 5º /9º Ano, tivessem o 7º/11º, passavam automaticamente a bacharéis, e com um saltito, a licenciados, mestres e doutores. Casos de arrepiar, principalmente os passados nas Escolas de Enfermagem, em que o mesmo “trabalho” dava para três a quatro mestrados... Casos houve em que num ano estudavam à noite para “completar o liceu” e no ano seguinte preparavam o... mestrado.
Professores primários
Idem, idem, aspas, aspas, às dezenas de milhares. Não merecia este vexame esta classe que, com tantos sacrifícios, alfabetizou Portugal, colocadas em aldeias onde hoje qualquer amostra de funcionário público recusaria. Ou aceitaria, para ficar vinculado, fugindo legalmente no mesmo dia para o Porto ou para Lisboa.
Porque de um vexame se trata. Ver estes professores, tal como os enfermeiros e os que se seguem no rol, a correr garimpeiramente para mestrados e doutoramentos causa dó. E dó maior causa o facto de o Estado o permitir. E nós também. Que agora pagamos tudo isto.
Os professores primários, ao “atingir” o grau superior, e como já possuíam anos e anos de serviço, passavam à frente de professores com bacharelato e com licenciatura, porque estes, tendo estudado até aos 22, 23 anos, conforme a duração dos seus cursos.
“Umas cadeiras” , um “trabalhito” sobre “uma coisa qualquer”, colocaram modestos (sem ofensa) portadores do 5º ou do 7º ano e Magistério como licenciados (aqui já é ofensa).
E milhares já se reformaram, na casa dos 50, gozando de reformas douradas que estamos a pagar, porque nunca, na realidade, alguém se apercebeu do caricato (e trágico) da situação.
E outros se seguirão.
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