11/03/2005

12ª Sessão- Os Professores Produzidos

Não se pense que era apenas nos Cursos Superiores de Saúde e nas baixas políticas que o corpo adolescente do Regime apresentava uma bulimia que cedo se converteria em anorexia nervosa, com anóxia e rumo à letalidade irreversível. Falta apenas saber se Portugal sobrevive a este Regime. Ou se ainda vive.
O outro veio central da sociedade também apodrecia a olhos vistos: na Educação, já se abordaram algumas equivalências à pressa-que depois se soube terem sempre como origem o favorecimento de um ministro ou seu parente- mas o pior estava para vir. E ainda não é o que se segue.
Lá por 1997, também no Porto, o governante Rocha Trindade anunciou, com o ar solene dos tiranetes do Terceiro Mundo que, face à falta de professores em Portugal, era necessário produzi-los. Isso.
E produziu.
Em Braga, arrancava a Universidade do Minho. Primeira função: formar Quadros Superiores? Especialistas? Não: produzir professores.
E produziu.
Dois anos de estudos, o terceiro já como estágio, e saíram, às centenas ou milhares, bacharéis de ensino (os bacharelatos havias sido reintroduzidos, parece que para este efeito). E como eram de ensino passaram à frente de todos os que já estavam no ensino, fossem licenciados, mestres ou doutores, ocuparam com efectivação as vagas que estavam destinadas àqueles. Poucas sobraram, principalmente na faixa respeitante ao Litoral Norte.
E assistiu-se num ápice a uma coisa não imaginável: Professores com anos – oito, dez, quinze... - de serviço, licenciados ou bacharéis por uma das três Universidades até então existentes ,vêm as suas vagas ocupadas por jovens, com habilitações inferiores (na prática só dois anos de ensino superior ) relegando os antigos para vagas sobejantes quando as havia. Esta ocupação foi definitiva, jamais reversível e os danos só não são conhecidos porque as grandes revoltas, as grandes dores, são mudas.
Quem participou nisto? Todos os Governos, todas as Oposições, todos os sindicatos, todos, activamente. Não há registo de reacção, por passiva que fosse.
E não mais se falou no assunto. Também nunca se falou.
E este não foi o único crime no Portugal pós-Abril, nem foi o maior. Mas todos tiveram o agréement de todos os partidos parlamentares, e de todos os sindicatos.
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