10/10/2005

4ª SESSÃO - A VERGONHA ANTES DE BOLONHA

Situação neste ponto: Antes deste processo- que no essencial se iniciou no pós-25 de Abril- Portugal possuía um sistema de Ensino Superior a que não faltava limpidez: dois ciclos básicos, o de Bacharelato e o de Licenciatura, formando qualquer um deles dê-erres competentes para a sociedade, que podiam macular-se se na sua prática esquecessem a ética e/ou os conhecimentos adquiridos, mas cuja titularidade académica não suscitava qualquer dúvida.
Nesta altura, estávamos em 1976, já havia sinais que, de inverosímeis, se limitavam a alimentar o bom humor em serões e tertúlias aliviando o stress que nos ia asfixiando. Não pretendendo ser exacto nas datas, isso seria difícil, circulavam já as histórias dos engenheiros saídos dos Institutos Industriais para onde haviam entrado com o 5º ano liceal mais dois dos ditos Institutos ; também os professores de Educação Manual e Visual cujas habilitações iam do ciclo preparatório ao 5º no do ensino liceal e que, administrativamente, passavam a ganhar como qualquer professor titular de bacharelato e de licenciatura, tendo-lhes sido mesmo atribuído o título administrativo de bacharel e de licenciado.
O argumento, que se repetiu nas décadas seguintes com outros grupos sociais, era assim : exerciam as mesmas funções. E pergunta-se: se alguém, por exemplo um socorrista, salvar muitas vidas, deve ganhar tanto como um médico?
Mas tudo isto era ainda uma pequenina amostra do que se seguiria em Portugal, no âmbito do ensino superior.
Haja a lucidez de não nos perdermos, tamanhos são os caminhos do dito, e de tudo retratar com a parcimónia e a correcção que todos os assuntos sérios merecem.Sérios, ou de Estado, ou de Suprema Justiça como parece ser o caso.
Estava pois iniciado o processo mais produtivo mais rápido e produtivo no nosso país. Talvez outro não haja que se lhe compare.
É que, nos anos seguintes e até ao presente, o horror instalou-se a ponto de hoje contando com reformas e vencimentos no activo, existirem entre 100.000 a 200.000 portugueses a auferir como quadros superiores, sem nunca terem pisado o átrio de uma Universidade, e muitos possuirem mesmo, ainda que só administrativamente, o título de Mestre e de Doutor...
No mínimo, em salários indevidamente pagos, Portugal paga por ano cerca de 280000000 contos...
O que reforça, por injusto, o absurdo do processo que estávamos a passar.
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