10/30/2005

11ª SESSÃO- Um passo atrás e dois interregnos

Foi longa e necessária esta incursão futurista, mas há mais marcas no passado que não devem ser apagadas.
Uma remonta aos primeiros tempos tempos da nossa saga. Agitou o Hospital de S. João, e abalou, mais do que os média mostram, fragmentos da nossa História futura.
Uma manhã, durante a primeira campanha presidencial pós-Abril, o Almirante Pinheiro de Azevedo, Primeiro-Ministro em exercício e Candidato a Presidente da República, é levado não em ombros mas de maca para os Cuidados Intensivos. Entre a vida e a morte, conforme as versões, oficialmente com um enfarte de miocárdio mas oficiosamente alimentando todas as dúvidas.
O candidato do regime (já então estabelecido e bem assente) era o General Ramalho Eanes, lançado pela ala direita do PS, o PPD/PSD e o CDS. Cinco anos mais tarde, seria reeleito com a ala esquerda do PS, o PCP e a estrema-esquerda. Quando saiu... ai, já falaremos. Porventura só a Itália recente nos anos mais negros nos ultrapassou. Itália onde se passavam já os preparativos para o desaparecimento de um Papa, que a História já apagou.
Porquê Ramalho Eanes? Porque era oficialmente o herói do 25 de Novembro. Pronto.
Ora, Pinheiro de Azevedo sabia que não era assim, como mais tarde se comprovou ser verdade. Ramalho Eanes tinha preparado, sim, um gabinete secreto três meses antes do 25/11 para desencadear o dito golpe, mas não estava sozinho. Ciumento de tantas atenções e privilégios, o Almirante lançou-se em cruzada pessoal contra a traição do General, quando teve o dito acidente- que ele classificou mais tarde de envenenamento.
Certo, certo, é que nunca mais foi o mesmo homem, nem física nem psicologicamente .
Quanto a Ramalho Eanes, ganhou folgadamente, com os votos de uma direita alargada. Três anos mais tarde, contra o seu hábito, falou. E, interrogado sobre qual a sua real inclinação política, responde que tem mais a ver com a direita CDS/PPD do que com a esquerda.
Zanga-se com ele a... direita até Mário Soares, apoia-o a esquerda do PS até à dita estrema, e na eleição seguinte, totalmente invertido, ganhou outra vez folgadamente. Foi quando Sá Carneiro pagou com a vida a teimosia de não sair do poder, um ano depois de um Papa desaparecer no Vaticano no meio de uma conspiração conjunta da Opus Dei, a loja negra maçónica P2 e o Banco do Vaticano.
A mudança de década não poderia ser mais confusa.
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