9/28/2005

1 . Registo das sessões

Por entre o ruído dos megafones do PS anunciando a libertação final do País - estava-se no místico e nunca explicado 25 de Novembro- algo de muito nubloso anunciava o que se narra a seguir.
Uma semana depois arrancava o tronco comum da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
O 1º ano lectivo anterior fora interrompido nas Universidades portuguesas. Exceptuando para os alunos vindos das Colónias (pode dizer-se mesmo que só abrira para estes).
A recém-"revolução" estava mais preocupada com outras coisas. Aliás, e como é uso em Porugal, o adiamento por um ano nada resolveu- a não ser a atraso de um ano na vida dos jovens candidatos.
E entrámos 1200 de uma carneirada, sem sonhar o abate de Páscoa que nos aguardava, na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto - a do Hospital de S. João, que a outra ainda não emergira do nevoeiro.
A matrícula fica para os anais de um qualquer regime estalino- terceiromundista. Bem urdida por comissões do Partido Comunista (o PS não existia organizado nesta Faculdade, a não ser que se dedicasse a outras tarefas menos visíveis) durante o ano de interrupção involuntária não referendada, pois a matrícula comaçava com esta pérola que a seguir se transcreve:

. Eu, _____ abaixo asinado(a), declaro por minha honra que aceito ser colocado voluntariamente em qualquer outro curso médico, paramédico ou afim."
Assinatura,

Quem não assinasse este voluntariado não poderia efectuar a matrícula, ficando igualmente impedido de se matricular em qualquer outra Faculdade da Universidade do Porto.
Ou seja, todos assinámos voluntariamente.
Mas, como não havia na Universidade do Porto qualquer outro curso médico (Deus mu, como nos enganávamos!!!) o nosso lema era fugir dos paramédicos, tentando obter nas 3 cadeiras do 1º ano a melhor média possível (prática que hoje existe no ensino secundário, e que levará à morte por asfixia dos Cursos de Medicina em Portugal).
Éramos, pois, 1200 alunos do 1º ano da FMUP, que voluntariamente se tinham disponibilizado para ser transferidos para qualquer outro curso médico, paramédico ou afim. Afim que seria parte principal no processo.
Às vezes perguntávamos: mas que cursos serão esses? Alguns diziam: são umas coisas muito giras, parece que têm a ver com ecologia.
Claro que houve luta. E criou-se, institivamente julgo eu, uma frente contra o plano que havia sido oferecido ao nosso voluntariado. A Frente era absoluta: ia das juventudes do MIRN às do MRPP, incluindo as dos partidos que tinham fortes responsabilidades na situação: o PC e, nesta altura, o PPD. Apenas o PS não fazia parte, pela simples razão de na Faculdade ter só um militante assumido, ou então, porque se dedicava a tarefas menos sobreterrâneas, como mais tarde pareceu, para não dizer comprovou.
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