1/12/2006

16ª SESSÃO - MAIS FORMIGAS

O que se descreve no post anterior tem a particularidade de percorrer, transversal e horizontalmente, o regime – que , de certa forma, é em si mesmo uma equiparação sem equivalência a democracia, combinada (in)devidamente entre os restos póstumos do marcelismo e os restos antecipados do abrilismo . Não se pode falar, pois, em períodos mais ou menos permissivos – há concerteza pactos subterrâneos que atravessam todos os partidos que ocuparam o poder. Como se fosse um destino, ou desatino negociado clandestinamente sabe-se lá por quem e a troco de quantos sacos de trinta.
Em Portugal houve pelo menos três fases em que esse desatino terá sido negociado: com o FMI, com o Banco Mundial e com a Comunidade Europeia. Parece que a UNESCO/UNICEF nos pressionou porque os Quadros Portugueses eram demasiado qualificados perante os restantes países do Mundo Ocidental. Era necessário decepar-nos a qualidade.
Oc opus, hic labor est .
(Eu sei que somos pagos para não trabalhar- disse Mário Soares no Congresso “Portugal que Futuro”, quando andava a jogar ao rato da cidade/rato do campo com Cavaco Silva.) Quem lhe disse? Ou com quem negociou ele essa cláusula, e quem nos paga?

E se é verdade que em Portugal os curricula eram mais longos que em outros países mais desenvolvidos, no que se refere aos primeiros graus do Ensino Superior, também é verdade que simplificar não significa decepar, e muito menos converter o não convertível : quem não conhece a Universidade não pode, nunca, obter um grau académico exclusivo daquela – excepção feita para os “honoris causa” - e muito menos exercer cargos em conformidade e em vencimento...

Pois fizemos tudo isto, e muito mais.

E se alguém pensou que na sessão anterior o lote estava esgotado, engana-se. Embora o objectivo não seja a descrição completa – apenas o alertar de sintomas para quem ainda não se consciencializou da doença.

Juntemos, pois, outras pérolas.
Os técnicos auxiliares sanitários eram, fundamentalmente, pessoas com um Liceu incompleto (raríssimos os casos em que possuíam o 7º/11º/12º anos) e um curso profissional ligado à higiene ambiental.
Não obstante, dispunham de um poder descomunal associado como sempre a um obscuro sindicato.
As Autoridades Sanitárias (Delegados de Saúde) que não gostam de sair dos seus gabinetes enviam aqueles profissionais fazer as vistorias inerentes – o que é ilegal.
Não estranhemos pois a péssima qualidade das nossas habitações, das instalações comerciais, industriais e hoteleiras: elas foram vistoriadas e autorizadas por pessoas com falência de conhecimentos mas com abundância de benesses pessoais.
Que é feito deles? O obscuro sindicato e o Governo de António Guterres fizeram o impensável: passaram-nos a bacharéis , apesar de alguns não terem mais que a 4ª classe do ensino primário.
E, com o tempo de serviço de que dispunham convertido na sua carreira, ninguém se admira se algum dia algum deles assessorar ou substituir um qualquer Secretário de Estado...

Outros, com maior ou menor descrição, foram povoando e alimentando o povo eleitor da revolução dos parvos.
O eleitorado está, pois, seguro, como estava com Salazar.
E há peças que, por menores, não são menos graves: os regentes agrários hoje são pomposos engenheiros; os administrativos da função pública que, com várias pontes e contra-fortes, se foram guindando carreira acima, atingindo também níveis salariais equivalentes aos quadros superiores.
E há mais, muito mais, mas por agora outros valores se levantam.
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